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domingo, 4 de novembro de 2012

PRESENTE DE VIDA

SE DEUS ME PRESENTEASSE

Se, por um instante, Deus se esquecesse
 de que sou uma marionete de trapo
 e me presenteasse com um pedaço de vida,
possivelmente não diria tudo o que penso,
 mas, certamente, pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem,
 mas pelo que significam.

Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei
 que a cada minuto que fechamos os olhos,
 perdemos sessenta segundos de luz.
 Andaria quando os demais parassem, 
acordaria quando os outros dormem.
 Escutaria quando os outros falassem 
e gozaria um bom sorvete de chocolate.

Se Deus me presenteasse com um pedaço
 de vida, vestiria simplesmente, me jogaria 
de bruços no solo, deixando a descoberto 
não apenas meu corpo, como minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração,
 escreveria meu ódio sobre o gelo e 
esperaria que o sol saísse. Pintaria com 
um sonho de Van Gogh sobre estrelas 
um poema de Mario Benedetti e uma 
canção de Serrat seria a serenata 
que ofereceria à Lua. Regaria as rosas 
com minhas lágrimas para sentir a dor 
dos espinhos e o encarnado beijo
 de suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida.
 Não deixaria passar um só dia sem
 dizer às gentes – te amo, te amo.
 Convenceria cada mulher e cada homem 
que são os meus favoritos e viveria 
enamorado do amor.

Aos homens, lhes provaria como
 estão enganados ao pensar que deixam 
de se apaixonar quando envelhecem, 
sem saber que envelhecem quando deixam
 de se apaixonar. 
A uma criança, lhe daria asas, mas
 deixaria que aprendesse a voar sozinha.

Aos velhos ensinaria que a morte não
 chega com a velhice, mas com o
 esquecimento. Tantas coisas aprendi 
com vocês, os homens...

Aprendi que todo mundo quer viver no cimo 
da montanha, sem saber que a verdadeira 
felicidade está na forma de subir a escarpa.

Aprendi que quando um recém-nascido
 aperta com sua pequena mão pela primeira 
vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro 
para sempre. 

Aprendi que um homem só tem o direito
 de olhar um outro de cima para baixo 
para ajudá-lo a levantar-se.

São tantas as coisas que pude aprender
 com vocês, mas, finalmente, não 
poderão servir muito porque quando 
me olharem dentro dessa maleta, 
infelizmente estarei morrendo.
Johnny Welch

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