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terça-feira, 30 de outubro de 2012

O ESTRANHO

CONCEITOS E RELAÇÕES



"Alguns anos depois que nasci, 
meu pai conheceu um estranho,
recém-chegado à nossa pequena cidade. 
Desde o princípio, meu pai ficou
fascinado com este encantador
personagem, e em seguida o
convidou a viver com nossa família.

O estranho aceitou e desde então
 tem estado conosco.
Enquanto eu crescia, nunca perguntei
 sobre seu lugar em minha
família; na minha mente jovem já
tinha um lugar muito especial.

Meus pais eram instrutores
complementares:
Minha mãe me ensinou o que era bom
 e o que era mau e meu
pai me ensinou a obedecer.

Mas o estranho era nosso narrador.
Mantinha-nos enfeitiçados por
horas com aventuras, mistérios e comédias.
Ele sempre tinha respostas
para qualquer coisa que quiséssemos 
saber de política, história ou ciência.

Conhecia tudo do passado,
do presente e até podia predizer o futuro!
Levou minha família ao primeiro
jogo de futebol.
Fazia-me rir, e me fazia chorar.
O estranho nunca parava de falar,
mas o meu pai não se importava.

Às vezes, minha mãe se levantava cedo
 e calada, enquanto o resto
de nós ficava escutando o que tinha
 que dizer, mas só ela ia à cozinha 
para ter paz e tranquilidade.
 (Agora me pergunto se ela teria rezado 
alguma vez, para que o estranho
 fosse embora).

Meu pai dirigia nosso lar com certas
 convicções morais, mas o 
estranho nunca se sentia obrigado a honrá-las. 
As blasfêmias, os palavrões,
 por exemplo, não eram permitidos
em nossa casa? Nem por parte nossa,
 nem de nossos amigos ou 
de qualquer um que nos visitasse.

 Entretanto, nosso visitante de 
longo prazo, usava sem problemas
 sua linguagem inapropriada
que às vezes queimava meus ouvidos
e que fazia meu pai se 
retorcer e minha mãe se ruborizar.

Meu pai nunca nos deu permissão
 para tomar álcool. 
Mas o estranho nos animou a tentá-lo
 e a fazê-lo regularmente.

Fez com que o cigarro parecesse fresco
e inofensivo, e que os
charutos e os cachimbos
 fossem distinguidos. 
Falava livremente (talvez demasiado)
 sobre sexo.

Seus comentários eram às vezes
 evidentes, outras sugestivos,
e geralmente vergonhosos.
Agora sei que meus conceitos sobre
 relações foram influenciados 
fortemente durante minha adolescência
 pelo estranho.
Repetidas vezes o criticaram,
mas ele nunca fez caso aos valores
de meus pais, mesmo assim,
permaneceu em nosso lar.

Passaram-se mais de cinquenta
 anos desde que o estranho veio 
para nossa família. Desde então mudou
 muito; já não é tão fascinante
como era ao principio. 
Não obstante, se hoje você pudesse
entrar na guarida de meus pais, 
ainda o encontraria sentado em
 seu canto, esperando que alguém 
quisesse escutar suas conversas ou
 dedicar seu tempo livre a
fazer-lhe companhia...

Seu nome?
Nós o chamamos: Televisor...

Nota:
Pede-se que este artigo seja lido em cada lar.
Agora ele tem uma esposa
 que se chama: Computador
e um filho que se chama: Celular! "

(desconheço o autor)

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