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quarta-feira, 11 de julho de 2012

O ENCANTO DOS NOSSOS DIAS

Ainda bem que o tempo passa! 

Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda feira eterna?
A beleza de cada dia só existe 
porque não é duradoura. 
Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, 
porque aprisionar a beleza é uma forma de 
desintegrar a sua essência. 
Dizem que havia uma menina que se maravilhava
 todas as manhãs com a presença de um 
pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. 
Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha 
para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse 
ouvir por mais tempo o seu canto. 
O grande problema é que a gaiola o entristeceu, 
e triste, deixou de cantar. 
Foi então que a menina descobriu que, 
o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. 
O encanto estava justamente no fato de não o possuir.
 Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto,
 a parcela de encanto que seria necessário, para 
que a menina pudesse suportar a vida. 
O encanto alivia a existência…Aprisionado, 
ela o possuia, mas não recebia dele o que ela 
considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto… Por vezes, insistimos em capturar 
o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, 
mas sem possuir. Viver também. 
Precisamos descobrir, que há um encanto nosso 
de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida
 em que nos empenharmos em não reter a vida.
Viver é exercício de desprendimento. 
É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele,
 e que fique só o necessário para continuarmos 
as novas descobertas.
Há uma beleza escondida nas passagens… 
Vida antiga que se desdobra em novidades. 
Coisas velhas que se revestem de frescor. 
Basta que retiremos os obstáculos da passagem. 
Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça
 ser eterna. Nem felicidade. Talvez seja por isso 
que o verbo dividir nos ajude tanto no momento
 em que precisamos entender o sentimento 
da tristeza e da alegria. 
Eles só são suportáveis à medida 
em que os dividimos…
E enquanto dividimos, eles passam, assim 
como tudo precisa passar.
Não se prenda ao acontecimento que agora 
parece ser definitivo. O tempo está passando… Uma redenção está sendo nutrida nessa hora…
Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte.
 Presta atenção. São miúdos, mas constantes. 
Olhe para a janela de sua vida e perceba 
o pássaro encantado na sua história. Escute o 
que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo 
o tempo todo só pra você. Ele só é encantado 
porque você não o possui. 
E nisto consiste a beleza desse instante: 
o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, 
quando o pássaro encantado, quando você menos 
imaginar, voltar a pousar na sua janela.

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