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quarta-feira, 30 de maio de 2012

SEU NOME ERA CORAÇÃO

Era uma vez um homem
Centrado em suas verdades, falava através
 do silêncio. 
Mas na transparência e na quietude 
de suas palavras, feito canção 
que se compõe entre os olhares
 dos apaixonados, surgiam versos 
como surge o perfume das flores.
Ainda que existisse, tantas vezes 
se perguntava se ele era real. 
Amava por inteiro; 
queria ser amado sem exigir
 sentimentos. Para ele, o amor só valia 
quando causava alegria. 
Era de um tanto dedicado 
que pertubava aqueles 
que não sabem receber o amor. 
Porque não é simples recebê-lo.
Mas talvez perturbasse 
mais por não deixar-se desvendar... 
Era homem, feito anjo; 
sem asas, era anjo, feito homem. 
Sabia voar, a sua maneira, 
através das coisas que sentia... 
Mas, além disso, sabia fazer 
voar, através dos 
sentimentos que oferecia.
Talvez não fosse um homem, 
talvez nem fosse um anjo... 
Certamente isso é uma 
fábula para quem não acredita 
em anjos ou em arco-íris 
ou mesmo em amor...
Não há um único nome. 
Existem vários. Aos homens, todos 
os outros homens, ele era, 
mesmo sem saber, 
uma parte dentro de cada um. 
Seu nome era coração!

(Rosana Braga)

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