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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CAMINHAR PERTO DAS COISAS

O ESSENCIAL DA VIDA


Contei meus anos e descobri que terei
 menos tempo para viver daqui para
 frente do que já vivi até agora.

Sinto-me como aquela menina que ganhou
 uma bacia de jabuticabas.

As primeiras, ela chupou displicente,
 mas percebendo que faltam poucas,
 rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com
 mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde
 desfilam egos inflados.

Não tolero gabolices.

Inquieto-me com invejosos tentando
 destruir quem eles admiram, cobiçando
 seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos
megalomaníacos.

Não participarei de conferências
 que estabelecem prazos fixos para 
reverter a miséria do mundo.

Não quero que me convidem para 
eventos de um fim de semana com a
 proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões
 intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.

Já não tenho tempo para administrar 
melindres de pessoas, que apesar da idade 
cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio
 avançando em reuniões de "confrontação",
 onde "tiramos fatos a limpo".

Detesto fazer acareação de desafetos
 que brigaram pelo majestoso cargo de
 secretário geral do coral.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade
 que afirmou: "as pessoas não debatem
 conteúdos, apenas os rótulos".

Meu tempo tornou-se escasso para 
debater rótulos, quero a essência,
 minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero
 viver ao lado de gente humana, muito humana;
 que sabe rir de seus tropeços, não se encanta 
com triunfos, não se considera eleita
 antes da hora, não foge de sua mortalidade, 
defende a dignidade dos marginalizados,
 e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de
 verdade, desfrutar desse amor absolutamente
 sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena.
(Flávio de Angelis)

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