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quarta-feira, 6 de junho de 2012

QUEM TEM LIBERDADE?


LIBERDADE
"Liberdade, essa palavra
Que o sonho humano alimenta
Que não há ninguém que explique
E ninguém que não entenda"
Cecília Meireles

O que é ser livre? Como o homem pode ser livre?
 Seria uma possibilidade utópica?
Mal entendida, negada, almejada, sobretudo 
usurpada a liberdade sempre foi uma questão fundamental para a humanidade.

Há sempre questões, dúvidas e impossibilidades. 
Como serei livre com o pai que tenho? 
...Ah! Quando eu me casar!... 
Depois do casamento pode ainda não sentir-se 
livre e novamente buscar soluções para iludir-se. 
Por que o ser humano tão freqüentemente é infiel? 
Será que aí julga-se livre? Estará ele realmente livre?

Liberdade não implica em falta de educação,
 ninguém precisa ser inconveniente ao 
meio para conseguir ser livre, mas deve
 impedir que o meio seja inconveniente
 a si para roubar-lhe a liberdade.
O homem sempre se fez prisioneiro de angústias,
 medos, culpas, solidão, impossibilidade de agir, 
padrões pré determinados, doutrinas, normas, 
dogmas etc. Pode então libertar-se buscando 
o autoconhecimento e realizando-se. 
Tornando-se responsável por suas escolhas.
Para Sartre o homem é a sua liberdade 
e está condenado a ser livre. 
Condenado porque não se criou a si mesmo, 
e como, no entanto é livre, uma vez que
 foi lançado no mundo é responsável por tudo que faz.
Segundo Jaspers, só nos momentos em
 que exerço minha liberdade é que sou
 plenamente eu mesmo.
 Assim será o indivíduo autêntico, 
autônomo, autodeterminado.
Ser e fazer implicam em liberdade.
 A condição primordial da ação é a liberdade.
 Liberdade é essencialmente capacidade de escolha. 
Onde não existe escolha, não há liberdade. 
O homem faz escolhas da manhã 
à noite e se responsabiliza por elas
 assumindo seus riscos (vitórias ou derrotas). 
Escolhe roupas, amigos, amores, 
filmes, músicas, profissões... 
A escolha sempre supõe duas ou mais
 alternativas; com uma só opção não 
existe escolha nem liberdade.

As escolhas nem sempre são fáceis e simples.
 Escolher é optar por uma alternativa 
e renunciar à outra ou às outras.
Não existe liberdade zero ou nula. Por 
mais escravizada que se ache uma pessoa, 
sempre lhe sobra algum poder de escolha.
 Também não há liberdade infinita, 
ninguém pode escolher tudo. 
Na facticidade somos limitados, determinados. 
Um ótimo exemplo nos é dado por 
Luís Fernando Veríssimo quando descreve:
 "poderia se dizer que livre, livre mesmo,
 é quem decide de uma hora para outra
 que naquela noite quer jantar em Paris e 
pega um avião. Mas, mesmo este depende 
de estar com o passaporte em dia e
 encontrar lugar no avião. E nunca escapará 
da dura realidade de que só chegará em 
Paris para o almoço do dia seguinte.
 O planeta tem seus protocolos".
Contra o senso comum "ser-livre" não significa 
"obter o que se quis", mas sim "determinar-se por si 
mesmo a querer" (no sentido de escolher). O êxito não
 importa em absoluto à liberdade. O conceito técnico
 e filosófico de liberdade significa: autonomia
 de escolha, não fazendo distinção entre intenção e ato.


O ato livre é, necessariamente, um ato pelo qual 
se deve responder e responsabilizar-se. Porque sou
 livre tenho que assumir as conseqüências de 
minhas ações e omissões.
Os animais irracionais não são livres, não são
 responsáveis pelo que fazem ou deixam de fazer.
 Ninguém pode condenar um cavalo que lhe deu um coice.
 O animal não faz o que quer e sim o que precisa
 ou o que se encontra determinado pelo instinto
 de sobrevivência para que continue existindo.

O próprio vôo de um pássaro está sujeito
 às leis da Física. Kant brincava com essa 
idéia, imaginando uma pomba indignada 
contra a resistência do ar que a impediria de
 voar mais depressa. Na verdade, argumenta
é justamente essa resistência que lhe serve de
 suporte, pois seria impossível voar no vácuo.


"Não me apontes o caminho,
o rumo certo pra chegar ao cimo.
Deixa-me encontrá-lo para que seja
meu...
Não me reveles a mais brilhante estrela,
Aquela que te guia.
Eu buscarei a minha...

Não me estendas a mão quando eu cair.
Em tempo certo, em hora exata,
Eu ficarei de pé...

Não te apiedes de mim.
É minha estrada, é minha estrela,
É meu destino.

Deixa apenas que eu seja.
Sem ti..."
Eliette Ferreira

O homem para Sartre não pode
 ser ora livre, ora escravo. Ele é totalmente
 e sempre livre, ou não o é.



A liberdade não é alguma coisa 
que é dada, mas resulta de um projeto de ação.
 É uma árdua tarefa cujos desafios nem sempre são 
suportados pelo homem, daí resultando os riscos 
de perda de liberdade pelo homem que se acomoda
 não lutando para obtê-la.

Dora Lucia Alcantara
Psicóloga e Psicoterapeuta Existencial
Professora Titular e Diretora da Sub-Sede da SAEP em Volta Redonda. CRP-05/10.816



FONTE: http://www.existencialismo.org.br/jornalexistencial/index.html#jornal

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