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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

AMAR TAMBÉM É LUTAR

O AMOR É MAIS FORTE

Os amantes de hoje preferem a droga
 mais leve, o tabaco mais light ou 
o café descafeinado. 

Já ninguém quer ficar pedrado 
de amor ou sofrer de uma overdose de paixão. 
As emoções fortes são fracas 
e as próprias fraquezas 
revelam-se mais fortes. 

Os amantes, esses, são igualmente
 namorados da monotonia e amigos
 íntimos da disciplina. 
O que está fora de controlo causa-lhes
 confusão, e afeta-lhes
 uma certa zona do cérebro, 
mas quase nunca lhes toca o coração. 

O amor devia ser sonhado e devia
 fazê-los voar; em vez disso
 é planeado, e quanto muito, fá-los pensar.
 
Sobre o amor não se tem controlo.
 É um sentimento que nos domina,
 que nos sufoca e que nos mata.
 Depois dá-nos um pouco vida. 
No amor queremos viver, mas pouco nos
 importa morrer e estamos sempre 
dispostos a ir mais além. 

Deixamo-nos cair em tentação, 
e não nos livramos do mal, 
embora procuremos o bem. 
No amor também se tem fé,
mas não se conhecem orações:
 amamos porque cremos,
 porque desejamos e porque sabemos 
que o amor existe. 

Amamos sem saber se somos amados,
 e por isso podemos acabar desolados,
 isolados e deprimidos. 
Que se lixe! O amor não é justo, 
não é perfeito; no amor não se declaram
 sentenças nem se proferem comunicados.

 O amor prefere ser imprevisível,
 cheio de riscos e de fogo cruzado. 
No amor os braços não se cruzam, 
as palavras não se gastam e os
 gestos servem para o demonstrar. 

Amar também é lutar, e enfrentar
 monstros fabulosos com cabeça de leão, 
corpo de cabra e cauda de dragão. 
É uma ilusão, um sonho, um absurdo 
e uma fantasia. O amor não se entende, 
não se interpreta, não se discerne
 nem se traduz. 

Quem ama acredita, mas não sabe 
bem porquê, não sabe bem o quê, 
nem percebe bem como. 
Rogério Fernandes

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