Quero apresentar-lhes meu Pai. Meu velho Pai.
Meu Pai herói. Meu grande Amigo.
Hoje aos 81 anos de idade, quase perdendo a visão,
continua com os mesmos hábitos de quando comecei
a admirá-lo na minha infância. Hábitos que aprendi e valorizei.
Acordava escutando a voz alta de meu Pai
na varanda daquela casa...fazendo sua leitura diária.
Ah! que saudades!
Aos domingos pela manhã, nos chamava eu e meus irmãos,
para sentarmos à mesa e fazia-nos escutar suas leituras, e depois
suas explanações, seus conselhos e suas experiências de vida.
Era apressado para falar, sempre queria saber mais de nós.
Queria detalhes de nossas histórias...
era especialmente observador de nossos comportamentos.
Era outro hábito que cultivava.
Fazia observações importantíssimas do que ouvia
que as vezes nos fazia tremer...será que podia adivinhar nossos pensamentos?
Aprendi com ele o hábito de refletir sobre todos
os acontecimentos comuns ou complicados na minha vida.
Eu, particularmente, sempre tive com meu Pai uma
conexão interior, nos entendemos com olhares.
Era um Pai sério e de voz firme...
Mantinha uma postura autoritária...
E por trás daquela seriedade tinha um coração que se derretia
em lágrimas com nossas aflições.
Quem disse que por de trás daquela barba que
nos arranha o rosto não tem um coração
moleque querendo brincar? Quem disse que por detrás
daquela voz grossa não tem um menino
criativo querendo falar? Quem foi que falou
que aquelas mãos grandes e grossas não sabem
fazer carinho se o filho chorar? Quem foi que pensou,
que aqueles pés enormes, não deslizam suaves
na calada da noite, para o sono do filho velar?
Quem é que achou que no fundo do peito largo e viril
não tem um coração de pudim, quando um dos filhos amados,
com um sorriso largo se põe a chamar?
Quem foi que determinou que aquele coroa,
de cabelos brancos não sabe da vida para
querer me ensinar? Pai, você me escolheu filha,
eu te fiz exemplo!
Feliz dia dos pais, meu PAI.
MEU PAI MANOEL.