NÃO FALES MAL DE NINGUÉM
Toda pessoa não suficientemente
realizada em si mesma tem a instintiva
tendência de falar mal dos outros.
Qual a razão última dessa
mania de maledicência?
É um complexo de inferioridade
unido a um desejo de superioridade.
Diminuir o valor dos outros dá-nos
a grata ilusão de aumentar o nosso
valor próprio.
A imensa maioria dos homens
não está em condições de medir o seu valor
por si mesma.
Necessita medir o seu próprio
valor pelo desvalor dos
outros.
Esses homens julgam necessário
apagar as luzes alheias a fim de
fazerem brilhar mais intensamente
a sua própria luz.
São como vaga-lumes que não
podem luzir senão por entre as trevas da
noite, porque a luz das suas lanternas
fosfóreas é muito fraca.
Quem tem bastante luz própria
não necessita apagar ou diminuir as
luzes dos outros para poder brilhar.
Quem tem valor real em si
mesmo não necessita medir o seu valor pelo
desvalor dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiritual
não necessita chamar de doentes os
outros para gozar a consciência
da saúde própria.
A palavra é instrumento valioso para
o intercâmbio entre os homens.
Ela, porém, nem sempre tem sido
utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem
desse precioso recurso para
construir esperanças, balsamizar
dores e traçar rotas seguras.
Fala-se muito por falar, para "matar tempo".
A palavra, não poucas
vezes, converte-se em estilete da impiedade,
em lâmina da maledicência
e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz,
as boas palavras dirigem conflitos e
resolvem dificuldades.
Desculpemos a fragilidade alheia,
lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura.
Se desejamos educar,
reparar erros, não os abordemos estando o
responsável ausente.
Huberto Rohden
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